Sítio Arqueológico do Teotônio
tem grande quantidade de ‘terra preta’. Pesquisa recente aponta que ocupação
ocorreu há mais de 3 mil anos.
Um estudo que está sendo realizado no
Sítio Arqueológico do Teotônio, na região do Alto Rio Madeira, em Porto Velho,
quer provar que existiu ocupação humana há mais de sete mil anos na região. Uma
pesquisa realizada ano passado pela Universidade de São Paulo (USP)
aponta que a ocupação mais antiga comprovada é de 3,2 mil anos. A grande
quantidade de ‘terra preta’ ou ‘terra de índio’, como também é conhecido o solo
muito fértil que é resultado da ação humana, será analisada por arqueólogos do
Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP e alunos do curso de arqueologia
da Universidade Federal de Rondônia (Unir), que ajudam na escavação.
A partir do mapeamento da
sobreposição das camadas do solo do sítio arqueológico e dos objetos cerâmicos
e líticos encontrados durante a escavação será possível identificar e datar a
ocupação da área. “Através dos sinais de deposição de materiais no solo é feita
a análise para datação e vestígios do que é composto o material recolhido”,
explica a geóloga Michele Tizuka, que faz parte da pesquisa. Eduardo Neves,
coordenador do estudo, diz que a grande quantidade de terra preta encontrada na
região também pode conter indícios de populações que deixaram de ser nômades e
se fixaram em Rondônia muito antes de outros povos da Amazônia.
“A terra preta se forma a partir de
séculos de acúmulo de materiais orgânicos provenientes da ação humana, como
restos de alimentos e de utensílios, por isso, onde esse tipo de solo é
encontrado temos muito material arqueológico para estudar”, ressalta Neves.
Segundo Eduardo Neves, as novas
descobertas no sítio do Teotônio podem ajudar a estabelecer alguns parâmetros
para entender como ocupar a Amazônia de forma sustentável. “Estudar este solo é
abrir uma janela arqueológica para entender o modelo de vida antigo e através
do desenvolvimento da agronomia replicar de forma menos agressiva junto ao
modelo de vida atual”, diz.
O estudo pode provar também, segundo
Neves, que a mandioca foi domesticada nesta região do estado e que em Rondônia
foram encontrados os melhores registros contínuos de formação e ocupação de
áreas de terra preta de toda a Amazônia. A escavação do solo por níveis pode
revelar diversos tipos de materiais de diferentes épocas de ocupação humana.
“As duas fases mais aceitas de ocupação humana são a de caçadores/coletores e
dos agricultores. Os caçadores são formados por populações nômades que
construíam e utilizavam objetos líticos, de pedra; enquanto os agricultores são
mais conhecidos pelas cerâmicas e por serem ocupações mais recentes. Nestas
escavações estamos encontrando os dois tipos de material”, explica Thiago
Trindade, do grupo de estudos do Museu de Arqueologia e Etnologia.
Neves diz que a delimitação do
perímetro do Sítio Arqueológico do Teotônio ainda não está totalmente definido.
“Tudo indica que o sítio é muito grande e que ainda não conhecemos toda a
extensão dessa área de ocupação. O mais importante é que podemos aproveitar
este material para muitos anos de estudo e transformar o sítio em sítio escola,
para que os alunos da Unir possam trabalhar em campo, atuando e estudando nessa
região”, completa.
O estudo é acompanhado pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Fonte: G1
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